quinta-feira, 12 de março de 2009

Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento. (A. Einstein)

CRISE … Qual é a sua resposta ?

Vemos em geral a crise como algo ruim, indesejável e anormal.
A vida no entanto não é um processo linear, mas caracterizado por enfrentamentos, rupturas e novas retomadas. Desta forma a crise é parte essencial do processo da vida, da criação, bem como de todo o processo criativo, que trata de nascer nova vida à partir de processos que estão definhando.

O QUE É CRISE?
A palavra crise tem sua origem na palavra sânscrita kri que significa limpar, desembaraçar e purificar. Daí derivam as palavras: crisol(cadinho) e acrisolar(depurar, purificar) que guardam o sentido original do sânscrito. Crise, portanto, caracteriza a chance de purificação, é separação do que vale do que não vale. Como no cadinho o ouro é separado de suas impurezas, que lhe são próprias do seu estado natural, para se tornar mais precioso, mais maleável e fácil de trabalhar.
Mas isso só acontece se houver a separação e ruptura; e este é o aspecto doloroso da crise, nela se perde algo que faz parte da existência.Porém, também nela algo de positivo que estava no passado é trazido para o “novo estado”, nova ordem, que constituirão nos fundamentos do “novo”.

CRISE QUAIS SÃO AS SAÍDAS ?
Há uma fórmula mágica para enfrentar as crises ou para evitá-las ? O importante é a sua resposta à crise? A de-cisão (krisis no grego, tem este especial significado), quando ela acontece num tribunal ela encerra um impasse, e estabelece-se uma nova realidade. Há uma ruptura com o Velho e é estabelecida uma nova ordem. No Evangelho de João aparece KRISIS cerca de 30 vezes, no sentido de decisão, juízo e ruptura. Neste sentido João está afirmando que “Jesus é a derradeira crise para o mundo” (Boff)
[1]. O que é conversão cristã senão uma crise que implica em ruptura, de-cisão. Isto é tão radical que o Apóstolo São Paulo a denomina "novo nascimento" para caracterizá-la. As crises certamente virão, a questão crucial é a atitude com que as enfrentamos. Qual é a resposta que daremos? Em qual classe nos encaixamos?

  1. Os apocalípticos: são aqueles que veêm em toda a crise o fim do mundo. Na verdade o mundo não acaba, mas certamente o tipo de “mundo que existia antes da crise”. Desistem antes de começar a enfrentar a crise.
  2. Os saudosistas: são aqueles que se agarram às antigas fórmulas que deram certo no passado. Procuram para os problemas de hoje as respostas de ontem. Dirigem para frente olhando pelo retrovisor. Permanecem na crise.
  3. Os futuristas: são os da eterna vanguarda. Estão sempre propondo inovações radicais.São os críticos mais audazes do status quo. Propõe soluções que não integram os principais elementos dos problemas, que poderiam propiciar a criação de um novo e promissor consenso. As idéias podem ser brilhantes, mas estéreis. Ficam sempre sonhando com uma nova solução.
  4. Os escapistas:são aqueles que acham um jeito proteger-se do problema. Buscam se livrar, escapar. Protegem-se, buscam soluções egocêntricas que acomodem seus interesses imediatos, ou de seu grupo. Não enfrentam o problema.
  5. Os res-ponsáveis: são aqueles que não fogem nem para frente, nem para trás, nem para dentro, mas procuram dar uma res-posta (do latim responsum = responsáveis) adequada às forças que se apresentam. Enfrentam as crises: Aprendem com o passado, se abrem para o futuro. Não temem as rupturas necessárias. Não perdem o sentido do todo. Vêem na crise uma possibilidade de crescer, para mudar. A-CRI-SOLA-SE, i.é, livra-se dos pesos do passado. Acolhe uma nova vida que ressurge renovada, purificada, forte.

Por Waldney Carmignani, Bibliografia:[1] Boff, Leonardo, Folha de Sao Paulo, Opinião, 07/07/83

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